“Nasceu em Setúbal em 1753.
Com um timbre de voz
com uma velatura única, e numa época em que o gosto musical preferia a voz dos
castrati, cantou durante mais de vinte anos nos palcos mais prestigiados da
Europa, onde as críticas da época a aclamaram como a “voz do século”.
No estrangeiro dedicaram-lhe
sonetos, escreveram para a sua voz, e foi pintada pela retratista de Maria
Antonieta. Beethoven conheceu-a em 1790 quando, enquanto jovem pianista, tocou
num concerto dado em sua honra.
Na corte de Catarina II da
Russia permaneceu cinco anos sendo que esta uma vez ao ouvi-la, emocionada,
tirou da cabeça o esplendoroso diadema e lho ofereceu dizendo “cantais como uma
verdadeira rainha”.
Na Prussia, onde permaneceu
dois anos, Frederico Guilherme II, ofereceu-lhe aposentos no palácio real, com carruagem
e cozinheiros próprios.
Em 1793, por ocasião do
nascimento da infanta, foi requerida a sua presença, e em sua honra foi-lhe
concedida autorização especial para cantar em público, o que ao tempo era interdito
às mulheres em Portugal.
Após o término da sua carreira
e o falecimento do marido, encontra-se no Porto aquando da segunda invasão
francesa e, ao tentar atravessar o rio Douro com a população desesperada em
fuga das cargas dos soldados franceses, cai ao rio e perde o cofre com as fabulosas joias oferecidas nas maiores cortes europeias. Ao contrário de
muitos, conseguiu salvar-se, tendo sido encarcerada mas imediatamente libertada quando
o general Soult a reconhece.
Morreu em Lisboa em 1833, no mais
completo olvido, cega e em dificuldades financeiras, e até hoje jaz debaixo do
prédio entretanto construído por cima do antigo cemitério da Encarnação.”
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