Menu

domingo, 28 de julho de 2019

WAKASA

"Fernão Mendes Pinto na sua obra "Peregrinação" refere que em 1543 uma tempestade empurrou o junco onde ele viajava com outros portugueses até à ilha de Tanegashima no Japão, país esse onde nenhum europeu tinha estado anteriormente. Foi durante esse encontro que os japoneses contactaram com as espingardas que os portugueses transportavam e das quais desconheciam a existência, passando a utilizá-las nas disputas entre si e conseguindo assim unificar o país. O senhor da ilha, Tokitaka, mandou Kimbei, o seu ferreiro de confiança, procurá-los com o objetivo de descobrir o motivo porque não disparavam as espingardas fabricadas a partir daquelas que os portugueses lhe tinham vendido. A descrição contínua, dizendo que Kimbei tinha uma filha muito bonita chamada Wakasa, que levou consigo quando se encontrou com os portugueses. Vendo o interesse que o capitão do barco português, prometeu-lhe que lhe daria a rapariga em troca do segredo que fizesse as espingardas funcionarem. Quando Kimbei regressou do encontro, Wakasa ficara com o capitão e a acompanhá-lo-ia um armeiro que lhe forneceu as explicações necessárias que lhe possibilitaram fabricar ao longo de um ano uma dúzia de réplicas perfeitas de espingardas portuguesas. O relato diz também que Wakasa partiu no navio com o capitão e de ambos nasceu o primeiro luso-japonês. A narração conta que, com o tempo, a rapariga começou a lastimar-se das saudades que tinha da ilha e da sua família e que o capitão, perante os seus lamentos, concordou em deixá-la em Tanegashima numa viagem que o barco fez ao Japão. Porém não conseguindo separar-se do filho, levou-o consigo prometendo que voltaria. Contudo, os meses e os anos passaram e o capitão nunca mais voltou. Na TeppoKi, a narrativa termina desta forma, todavia a lenda dá-lhe continuidade, acrescentando que Wakasa ia todos os dias para o cabo Kadokura, na esperança de vislumbrar o barco que traria o capitão e o seu filho de regresso. Um dia, não se sabe se sonho ou realidade, Wakasa viu uma sombra no horizonte e imaginando que podia ser o barco, correu em direção à falésia para poder ver melhor o mar. Porém, com a precipitação da corrida, desequilibrou-se e caiu, encontrando a morte no fundo do penhasco. Sepultaram-na junto à campa do pai no cemitério dos ferreiros e nesse local continuam a ser deixados lírios brancos (açucenas) designados em Tanegashima por "lírios da espingarda", "teppolili"."





Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.