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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

MARQUÊS DE POMBAL

"No dia 1 de Novembro de 1755 celebrava-se a festa de Todos-os-Santos, pelo que as ruas da cidade de Lisboa exibiam um movimento pouco usual e as igrejas enchiam-se de fiéis. A terra começou a estremecer pelas 9h30, seguindo-se novas e fortes vibrações, que, ao longo de cerca de sete minutos, demoliram uma elevada quantidade de edifícios, deixando outros em ruínas. Lisboa cobria-se com montes de pedra e de caliça. Ateavam-se incêndios, que reduziam os escombros a cinzas. O fumo e a poeira tornavam a atmosfera irrespirável e centenas de pessoas ficavam soterradas. Os mortos enchiam as ruas. Pelas 11h fez-se sentir um novo abalo, desta vez menos intenso. A força do Tejo destruiu, então, as embarcações e tudo aquilo que pelo seu caminho encontrou. Seguiram-se novas oscilações durante o dia, pelo que muitas pessoas tentavam refugiar-se nos pontos altos da cidade e nos arredores, principalmente no Campo Grande e em Belém. Os criminosos, por sua vez, soltavam-se das prisões e aproveitavam-se da situação de pânico geral para assaltarem os domicílios e, inclusivamente, matarem os resistentes.
D.José I e a família encontravam-se, na altura, no «campo real» de Belém, onde o sismo não se fez sentir com tanta intensidade. No entanto, o rei ficou tão perturbado com a tragédia que, passados anos, continuava ainda a recear viver em edifícios de pedra. 
Nenhum dos Secretários de Estado compareceu em Belém a fim de receber instruções do monarca e enfrentar a situação. Carvalho e Melo foi o único que se apresentou, mostrando-se firme e convicto numa resolução para o problema. O Marquês e D.José I decidiram, então, combater os três males que mais vitimavam a população: a peste, a fome e os vadios que atacavam a vida e a propriedade alheias. Era necessário por ordem na imensa confusão que se instalara e foi isso que o rei decidiu fazer, aconselhado pelo Marquês de Pombal, ainda no próprio dia em que se dera o terramoto. A expressão «enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos», que alguns defendem ser da autoria do Marquês de Alorna, acabou por tornar-se no lema de acção de Carvalho e Melo perante toda a tragédia. Ninguém melhor que o Marquês de Pombal soube, então, impor-se aos acontecimentos. Depressa foram providenciados mantimentos que cobrissem as necessidades dos doze bairros da cidade, foi proibido o aumento dos preços dos géneros e foram solicitadas pessoas que desobstruíssem as ruas e que dessem jazida aos mortos, atando--lhes pesos e lançando-os no mar, a fim de se evitar a disseminação de epidemias. Os culpados pelos inúmeros crimes e roubos que, então, se cometeram em diversas igrejas e casas de Lisboa foram severamente punidos, sem qualquer complacência."